quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O Demônio, a foice e a Morte

   Era uma vez, um lugarejo escuro, até mesmo quando o relógio apontava para o meio do dia. Havia muitas casas e apenas um arranha-céu na cidade. As casas eram afastadas, uma das outras. A cidade era pequena, e uma montanha enorme circulava toda a paisagem, dando a impressão do lugar ser maior.
    Por volta das seis da tarde daquele dia especial, um monte de nuvens se espalharam no céu. O sol clareou apenas algumas partes das nuvens. Dessa forma, o céu fundia-se com a cor branca, com o amarelo-escuro e o preto.
    O homem que estava no arranha-céu parecia estar à espera de alguém lá fora. Também parecia impossível avistar qualquer coisa de lá de cima. Mesmo assim ele observava. Não contente, sentiu uma brisa leve que parecia querer acariciar seu rosto.
    Ele olhou para um lado e nada viu. Imaginou o que poderia estar ao longe, o que não poderia mais estar ao alcance de seus olhos. Questionou a si mesmo, encontrou mais perguntas, como sempre. 
    Ao virar seu pescoço para a outra direção, olhou, enxergou uma grande árvore morta, dando a impressão de que ela morreu há uns 23 anos. A árvore era tão triste como todo o resto da paisagem.
    O acessório final do lugar estava justamente, ao lado do vasto conjunto de galhos secos. O homem do prédio avistou um cara que matou exatamente duzentas pessoas, ao longo de sua vida. Tinha a certeza de que ele seria o próximo a morrer.
     O homem saiu a galope. O cara do prédio não estava mais na janela. As cortinas balançavam suavemente com o vento. As luzes da cidade não ajudavam em muita coisa. Mesmo assim, ambos seguiram em direções opostas, estavam cada vez mais próximos.
      O cavalo estava completamente transtornado. Dessa forma ficava cada vez mais difícil dominar o animal.
      O Homem do cavalo, além de usar trajes em vermelho, com detalhes pretos, tinha uma arma. O ex-Moço-do-Prédio, tinha apenas uma foice e usava uma capa preta.
      Eles se encontraram no meio da praça da cidade. Ninguém estava lá para servir ao menos como uma testemunha vã.
      O cavalo em um espanto, ao se encontrar com o Moço-da-Capa-Preta, se inclinou para trás e o Cara-de-Vermelho caiu no chão. O homem o matou com apenas um golpe mortal da foice que atingiu o pescoço do pobre-diabo.                                  
       Enquanto o morto jorrava sangue, na praça pública, ele seguiu em frente, como se nada houvesse acontecido, ele queria outra vítima.
       A partir daquele momento, eles deixaram de ser iguais. O Cara-de-Preto venceu a batalha e se sentiu superior.  Ambos haviam matado duzentas pessoas inocentes, antes daquela noite terrível, sem deixar qualquer pista.

* O jovem moço que parecia apenas um observador está desesperado, procura ansiosamente o seu sangue, quer matar você, com apenas um golpe.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Estranha Sensação

Quando perco o medo, amadureço
E realizo tarefas incríveis
Do sofrimento eu me esqueço
Pois o espanto se mistificou

Sim, um dia o medo passou
E tudo ficou mais fácil
Sonho que se realizou
A felicidade naquele momento se intensificou

Não, porque o medo voltou?
A tristeza já havia passado
E você me procurou
O que era para ser legal
Tornou-se o meu pesadelo

Imaginei viver sem a sua presença
Pensei que ficaria feliz ao te encontrar
Percebi que você me faz viver, sorrir e sonhar
Com aquela estranha sensação
De querer morrer, sofrer e chorar.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Não vejo mais

Os trilhos estão mal encaixados
Ao final do caminho
Embacei meus olhos
Encontrei a falsa paz.

Como quem morre na escuridão
Nunca mais fui feliz
Mais do que eu,
Todos parecem viver.

A tristeza não vejo mais
Estrada com falta de tudo
Um começo, meio e fim
Nada condiz com o próprio caminho.

De onde vim, voltarei
Apezar da estrada, não chorei
Contudo os trilhos
Eu sou melhor que o pó da estrada.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Varrido de boas intenções

Aflito, eis que quase morre de desespero quem havia se acostumado com o peso da vida. Ele é exemplo de que se revoltar sozinho não é nada fácil.
A maioria das pessoas o chama de louco.
Ele foi informado de que está fora do lugar. O homem pouco duvida disso. De vez em quando, muda de opinião e mesmo assim sente vontade de fazer alguma coisa.
Coragem tem de sobra quando faz frio. O sol que era prometido por ele mesmo, não traz mais as esperanças de um dia perfeito.
Ironicamente quando chove, as águas parecem dispostas a limpar os prédios, as casas e as fabricas da cidade, que não faz muita questão de árvores. São águas que caem do céu. Gotas que se parece muito com certos seres humanos, sem almas, sujas. Águas gananciosas, querem chover tudo de uma vez.
O problema da pobreza parece um viés recalcado. Acho que só aquele homem enxerga isso.
Todo o dia levanta de sua cama, anda pelas ruas para ir trabalhar. O que marca o contraste da paisagem dos dias diante de seus olhos, é a desigualdade em respeito às classes sociais.
Tudo é motivo para separação. O homem suplica em pensamento voltado para “o seu mundo” que tanto gostaria que prevalecesse na terra.
O moço ainda vive apesar da sujeira daqui.
Quando ele pensa em Deus. Ah, quando ele pensa em Deus! Que bobagem a minha ao citar esse nome, me desculpe. Ao pensar em Deus ele fica triste. Nenhuma religião consegue anestesiar a dor que ele tanto sente ao ver tudo de ruim que acontece aqui.
As doses de felicidade que recebe são pequeninas, comparadas as dores que sente, em seu corpo, em sua alma, e na alma do mundo. Não consegue se desintegrar, principalmente de onde nasceu. 
Ele leu mais de 50 livros em três anos. Sem sorte, os livros não chegaram para sua vida para que ele fosse feliz. Encontrou a verdade nas páginas amareladas de Fernando Sabino, Machado de Assis, Ivan Bichara. Ao contrário do que pensou quando entrou no mundo dos livros, ampliou sua visão do mundo torto, do mundo varrido de coisas boas. Varrido de igualdades, varrido de união.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Dias escuros

Dia que não vai voltar
Jamais vou esquecer
Dia mágico, quero te encontrar.

O amor estava lá
Observando meus passos
Você não me encontrou
Imaginou esse caminho, um fracasso.

Aqui estou eu mais uma vez
Lutando contra tudo que me faz mal
Sem você eu vivi
E o amor estava lá, me fazendo cair
Me dizendo para sempre seguir.

É assim que os dias se transformam em noites escuras
Quando o amor nos acompanha
Dentro de um lugar
Em uma insuportável solidão.

Posso acreditar
Por alguma razão posso sentir
Que vou te ver, não no mesmo lugar.